
Descarte de obras: o que fazer com os resíduos? Como diminuir esse impacto?
Colocar a mão na massa e acompanhar de perto uma reforma também nos dá a chance de conhecer todas as etapas de uma pequena obra, inclusive a final, não menos importante, e talvez a mais assustadora: o descarte dos resíduos.
Muita gente aproveitou a quarentena para reformar a casa. Isso porque houve um pouco mais de tempo para dedicar a esse objetivo, mas também por perceber a necessidade de tornar nossos espaços mais agradáveis e funcionais.
Apesar de ser uma oportunidade de diversão, colocar a mão na massa e acompanhar de perto uma reforma também nos dá a chance de conhecer todas as etapas de uma pequena obra, inclusive a final, não menos importante, e talvez a mais assustadora: o descarte dos resíduos.
Antes da compra
O descarte adequado é importantíssimo, mas, antes, é importante comentar da forma mais eficaz de driblar a poluição: eliminar ou reduzir a geração dos resíduos.
1. Observação
Antes de tudo, para reduzir o impacto dos resíduos, ainda na hora da compra, é interessante observar a composição dos materiais e fugir dos componentes quimicamente agressivos, como os COV’s (compostos orgânicos voláteis) e metais pesados.
Esse cuidado beneficia não só à natureza no momento do rejeito, como também ao ser humano, enquanto instalador e/ou usuário dos ambientes onde estarão aplicados.
2. Cálculo
A fim de evitar refugo de materiais, planejar e fazer um quantitativo de cada um deles é fundamental. Assim, podemos comprar a porção a ser de fato utilizada, considerando apenas uma pequena margem de segurança, que não precisa exceder 30% do montante aplicado.
– Alvenaria e revestimentos
No caso de alvenaria ou revestimentos, como as cerâmicas, porcelanatos e papéis de parede, basta prever a área a ser construída ou revestida e verificar, pelo tamanho dos blocos ou peças de revestimento, os recortes a serem feitos para aproveitar melhor o material.
– Pinturas
Quanto às pinturas, é importante consultar a embalagem para saber a cobertura sugerida pelo fabricante. Ele mesmo deve avisar das possíveis diluições e a área de cobertura, proporcional a determinado volume de tinta. Da mesma forma, a margem de segurança pode ser mínima, somente para garantir pequenos retoques após a finalização da obra.

Excedente
E as sobrinhas inevitáveis, como os entulhos ou tintas guardadas que passaram da validade? Sim, algum resto, infelizmente, há de existir, e deve ser descartado corretamente.
1. Caçamba
O primeiro passo do descarte correto é contratar o aluguel de uma caçamba estacionária, ou container para acumular o resíduo de sua obra. Depositar o lixo diretamente em via pública é ilegal, ficando sujeito a punição municipal de multa e até mesmo a pena de reclusão; já se deixar o entulho dentro da obra, pode-se prejudicar o desempenho da mesma e comprometer a estrutura do edifício construído.
2. Reciclagem
Fiações que foram trocadas, tubulações antigas, metais sanitários… Esses materiais são recicláveis e podem ter o mesmo fim que os resíduos que já estamos acostumados a separar para a coleta: as cooperativas de reciclagem.
3. Doação
Já o excedente de cimento cru, gesso, argamassa de rejunte ou peças em bom estado podem ser doadas. É só perguntar a alguém da comunidade ou ONGS da sua cidade que possam aproveitar esses insumos. Alguns fabricantes também fazem política reversa, ou seja, recebem o material de volta e se responsabilizam por reintegrá-lo ao processo produtivo ou descartá-lo sem risco. Priorizar as marcas que têm essa política é uma forma de apoiá-las.
4. Empresas terceirizadas
Quando houver entulhos ou ficarem ainda sobras gerais não aproveitadas, é obrigatória a contratação de uma empresa especializada e certificada para destinação adequada do volume sobrante. Ela coleta e leva os resíduos apenas para aterros regulamentados pela prefeitura local e deve ser capaz de entregar os documentos de regulamentação emitidos por ela mesma, enquanto transportadora e pela receptora dos rejeitos atestando a destinação final adequada.
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Aneli Dias Borges-Garcez é parte integrante da natureza, arquiteta, especialista em Arquitetura Sustentável. Acredita na arquitetura e no design como ferramentas para promover qualidade de vida, saúde, produtividade e bem-estar. Siga no Instagram @aneliborgesgarcez.arq